Crazy thing

quarta-feira, 29 de junho de 2016


Ah, eu estou louca.
Paraty faz isso. A possibilidade de mostrar o bacana da loucura nas pessoas.

Pensava sobre a abertura do Sarau,
Que a última, mesmo tendo sido boa, ficou muito incompleta da minha parte.
E nessa de concatenar, dei-me conta que as meninas, embora eu um pouco, ou muito (dependendo do ponto de vista) afastada delas,  tem um quê de incomum entre si. Além da beleza, genialidade, gestos interessantíssimos... Essas moças todas possuem uma similaridade, que de certo modo, as impulsiona a transmitirem a mensagem coerente pra fazer o serviço bem feito.
Na abertura do próximo Sarau, precisarei ser honesta comigo mesma, e admitir humildemente que sei sim, qual o fato que nos une.
E sendo curta, grossa, profero que somos é loucas.
E como não sabemos usar da mentira a nosso favor - eu pelo menos,  tenho muitas dificuldades com essa questão, é ali, que, deixando transparecer as atitudes loucas de falar sobre o feminino, recitar poemas, exibir fotografias e representar de forma teatral a vida que fazemos essa idéia acontecer.
A loucura da arte nos invade.

Eu não sei se ouviram falar sobre o que é Mantiké, mas vem dessa idéia da loucura.
É interessante.
Mantiké surgiu de um trecho no livro Fedro, de platão. Um trecho que trata sobre o Elogio ao Amor.
Fedro, notóriamente pra minha pessoa, parece ter gana de obter a resposta mais perfeita sobre este do qual está apaixonado, leva uma carta e pede a leitura de Sócrates e num dado momento oportuno, após as várias análises do mestre que manifesta uma lucidez tamanha ao acalentar o aluno de quando e o porque soa tão louca a expressão do amado na carta, 

Inicia seu discurso invocando a inspiração das musas:



 - A vós invoco, Musas! Pouco importa que vos chameis “sonoras” por
causa da doçura do vosso canto ou que esse epíteto vos venha do musical povo dos
lígios! Auxiliai-me no discurso que este ótimo homem me obriga a fazer, para que seu
amigo, que já antes se lhe afigurava sábio, seja considerado mais sábio ainda!


Que belo!


E logo depois conclui que de fato a loucura pode ser vista de maneira ambigua.
Num estudo aprofundado sobre a profetisa de Delfos e as sacerdotisas de

Dodona, que tomadas pelo estado de loucura prestam grandes serviços às pessoas da Grécia, o gênio define que o delírio que provém dos deuses é mais nobre que a sabedoria que vem dos homens. Mais um pouco sobre o delírio que tomando conta de alguns mortais e inspirando-lhes as profecias, levou-os a descobrir remédios aos males e o refúgio contra a ira divina nas preces e nas cerimônias expiatórias. Foi, pois, ao delírio que se deveram as purificações e os ritos misteriosos que preservaram dos males atuais e vindouros o homem realmente inspirado, animado de espírito profético, revelando-lhe, ao mesmo tempo, o meio de se libertar desses males.

Então pessoal, eu lhes pergunto.

O que vocês fazem quando estão loucos?
Manifestam sua digna arte?
Movimentam coisas no sentido puro e equilibrado?

Ficamos loucas.

Mulheres loucas.

Falando do problema que é, ser mais um louco aqui.



Infelizmente não rolará o Sarau de Domingo, foi como posso dizer, interrompido.

Rolará apenas as exposições, pois os horários de trabalho dos artistas irão coincidir e não haverá oportunidade para as apresentações.

Uma grande pena, por que soa que a ________de fato é um tipo de loucura dominante e que, por motivo de convenção, estamos tendo que lidar com isso.


PS: Mas o Esquema Sarau Mantiké, é um projeto. Estamos a apresentar nessa semana à outros interessados e aos poucos concretizaremos esse sonho de arte, vida e boas intenções.
Desejem-nos sorte!